Eu vô dizé prá vosmicê
Cum toda sinceridade
Prá vosmicê intendê
O qui é uma sodade,
Cuma dói dentro da gente
E Cuma fica quem a sente
Quando tá longe d’um bem,
Qui já teve bem pertim
E foi simbora sozim
Dexano nois sem ninguém.
Vosmicê pode acreditá
Qui num tem coisa mais pio
Pruque faz nois chorá
E da gente num tem dó
Nois fica aperreado
Qui nem boi amarrado
Nos pau duma purtera
E dói qui nem topada
Queda de cima de iscada,
Queimadura na cardera.
Nos zoi desce uma água
E nois fica incabulado
Pru mode ninguém vê a magua
Nem vê o rosto moiado,
E se preguntão, o qui foi?
- foi um arguero no oi
Dequi prá pouco fica bem,
E nois tem qui minti,
Pruque só nois pode sinti
A sodade pru argúem.
Nois fica inté pariceno
Cum passarinho ferido
Qui sem força vai morreno
Sem pudê sê socorrido.
Os Oto só faz oiá
Sem pudê nem ajudá
Dexano nois mei lelé,
Todo dia a gente sonha
Dá uma tristeza medonha
Fica qui nem caboré
Se nois recebe um papé
Chei de caligrafia
Sai correndo num só pé
Pulano de alegria.
E nois fica aleruado
Mei assim abestaiado
Qui nem cego em tirotei
Cachorro qui caiu de mudança
Doido dentro de ambulância,
Mendigo em casa de rei.
No trabaio num trabaia,
Num come e num faz nada,
Num vê otô rabo-de-saia
Qui num seja sua amada.
Parece burro impacado
Quando chega no cercado
Prá num passá a cancela,
E fica falano só.
Num tem coisa mais mio
Qui ficá pensano nela.
Só quem sente esta sodade
É quem tem amo singelo.
Pruque este na verdade
É o sintimento mais belo.
Quem num ama nessa vida
Abre nos peito a firida
Do disgosto e farsidade,
Na vida num tem ventura
Só veve na amargura
Num sabe que é sodade.
Maio/2011
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