segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Assistência Social na Igreja no Contexto Judaico



Foi no campo, que a maior parte do povo hebreu nasceu, cresceu e morreu. Foi neste ambiente bucólico que o povo de Deus construíram suas casas, educaram seus filhos, treinaram seus exércitos, plantaram e cuidaram do seu gado.

Na terra de Israel, 90% daquela sociedade era rural: o campo era a expressão máxima da promessa que vaticinou a conquista da “terra que mana leite e mel” (Êx 3:8). Foi graças ao campo o desenvolvimento da sociedade israelita e da formação da sua cultura: culinária, pedagogia, música e a pouca arte que produziu.

Era o campo da terra de Canaã o resgate do Paraíso que Adão perdeu: tranqüilidade, abundância, fauna e flora manifestando a presença do Criador. E a terra como paraíso (Gn 2. 8-14) era ligada à expectativa da Redenção e do mandamento de Deus em dominar os animais da terra. Era a terra a fonte de provisão para o homem sedento e também a base da esperança de uma terra espiritual que iria alcançar (Hb 11. 14-16).

Após o desenvolvimento da sociedade agrária israelita e da formação da propriedade privada, havia no campo três classes de pessoas: Fazendeiros, trabalhadores e pobres. Longe de um sistema capitalista, paradoxalmente, a Lei Mosaica afirmava que os pobres deveriam ser cuidados pelos ricos: era um sistema de Assistência social. Além de todo um ciclo de amizade, companherismo e sentimento mútuo entre os camponeses, eles tinham a certeza que nenhum deles padeceria necessidade (Lv 19.10, 13-15).

A historia de Rute demonstra bem esta verdade acerca do campo: a vida no campo era muito trabalhosa (Rt 2. 1-7), os camponeses viviam com simplicidade e ofertavam generosidade aos necessitados (Rt 2. 8-23) além de ternura, afeição e preocupação evidenciadas na sinergia social (Rt 4. 1-12).

No Novo Testamento, Jesus utilizou-se de figuras do campo para expressar seus ensinamentos em termos práticos: Ovelha, semente, fazendeiros, servos, campo, fazia parte dos discursos sapienciais e espirituais do Mestre Divino, tão compreensível para uma multidão que também era agrária.

No perspectiva espiritual, o Salvador preveniu seus catecúmenos sobre os perigos do campo: lobos devoradores, serpentes, ladrões etc. Este campo simboliza o mundo (Mt 13.38) como sistema influenciado por Satanás. No entanto, Jesus usa a expressão mundo (Mc 16. 15) expressando povos que deveriam ser libertos da influência satânica. Ou seja, a Igreja também tem uma grande influência no “campo” espiritual, tendo a sua cor morena devido aos raios solares (Ct 1. 6-8) símbolo de muito trabalho.

É neste contexto que a Igreja deve imitar os bons fazendeiros israelitas: enquanto trabalha no campo (evangelizando) deverá ajudar os pobres neste mesmo campo (assistência social), sendo por isso a instituição dos diáconos (At 6. 1-7) que trabalhariam neste aspecto com a Igreja do Senhor.

Tal qual a assistência social israelita era feita no campo, em meio ao trabalho, podemos afirmar que nos dias hodiernos, se a Igreja não evangeliza, não faz seu papel estabelecido na Grande Comissão, a área assistencial será prejudicada. Uma Igreja que ajuda seu irmão, primeiramente, é uma igreja missionária, que leva a Palavra de Deus aos pobres espirituais.

A necessidade física e espiritual dos seres humanos deverá ser cuidada de forma correlacionada, tal qual Jesus deixou exemplo: Não só de pão viverá o homem, mais de toda a Palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4): O homem deve conseguir a vida através do pão espiritual e material.

Wanderson Costa





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